quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Rio Tejo - Boeing Clipper

 22 de fevereiro de 1943



Saída dos passageiros-aeroporto cabo Ruivo 
Desta vez um dos gigantes do ar norte-americanos, um Boeing B-314 Yankee Clipper, com a matricula NC18603, oriundo de Washington, com escala em Nova Iorque e Horta, acabou por se despenhar no Tejo, quando se encontrava na manobra de amarar.
                           
 
Curiosamente, este Boeing, que viu terminados os seus dias entre nós, acabou por ficar ligado à história por ter sido o primeiro a ser utilizado no transporte de correio aéreo, entre a América e a Europa, em 20 de Maio de 1939.   Requisitado pela marinha dos Estados Unidos, era  operado pela Pan American Airways e utilizado nos voos regulares entre o continente americano e a Europa, através de Lisboa e até Marselha.

 
Boeing 314 amarado na Horta


A tragédia foi de curta duração.  Passavam poucos minutos depois das 16 e 30. O Tejo estava coberto por nuvens negras, pesadas.  Estalara uma trovoada sobre Lisboa.  Abafava-se.  Não soprava uma aragem.
 



In Diário de Lisboa
Foi neste cenário que apareceu sobre o aeroporto de Cabo Ruivo o “Yankee Clipper”, o gigantesco hidroavião quadrimotor americano, de 42 toneladas que inaugurou as carreiras entre os dois continentes –antes da guerra, há mais de quatro anos, portanto, sem que tivesse tido um desastre”.
 

Assim relatava o Diário De Lisboa de 23 de Fevereiro de 1943, o acidente ocorrido no dia anterior.

 

A aeronave, com  a sua lotação no máximo era oriunda América, tendo feito escala nas Bermudas e nos Açores –Horta.

Pelas indicações radiotelefónicas, tudo corria bem a bordo, preparando-se o hidroavião para amarar, fazendo para isso a segunda volta de reconhecimento sobre as condições do rio.     Ao passar na chamada cala de  Alcochete, o avião fortemente inclinado sobre a direita, tocou com a asa na água começando imediatamente a afundar.
 


Clipper no Tejo
Prestados de seguida os socorros possíveis, nomeadamente pela embarcação da Pan Am, que apoiava a amaragem e por outra embarcação da British Overseas Airways Corporations, foi possível retirar com vida dezasseis pessoas, enquanto outras 24 pereceram no acidente.
 
Como curiosidades deste acidente, ressalte-se o facto de o número de sobreviventes ter sido mais exatamente quinze, sendo que entre estes se encontrava a cantora  Jane Froman, por muitos considerada a maior cantora da América.   Igualmente o piloto Rod Sullivan, um veterano de mais de 150 travessias do Atlântico e 55 travessias do Pacífico, sobreviveu, tendo abandonado de seguida a profissão.
 
Mais tarde, depois de recuperar dos severos danos físicos a que foi submetida, Jane Froman, acabou por casar em 12 de Março de 1948, com o copiloto John C. Burn, que a tinha salvo aquando acidente.

 
Igualmente foi salva sem ferimentos a “formosa artista do cinema e da rádio, Ivet Elsa Harnie Silver, que, já na água, se desembaraçou do seu casaco de peles, para nadar melhor”.

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