domingo, 19 de janeiro de 2014

Nas portas do Tejo

30 de maio de 1961


Não passaria das duas horas e vinte minutos da madrugada do dia 30 de maio de 1961, quando o DC-8, PH-DCL, da KLM  ao serviço da companhia venezuelana VIASA mergulhou no mar em frente à Fonte da Telha a três quilómetros da costa a sudoeste de Lisboa e, por isso, a pouca distância da foz do Tejo.
Rota do voo fatídico

Sessenta e um passageiros e tripulantes foram perdidos no voo 897 iniciado em Roma, que após escala em Madrid seguiu para Lisboa onde aterrou cerca da uma hora e seis minutos. Voltando a levantar voo da pista 23 da Portela às  duas horas e quinze minutos para o destino final em Caracas, tinha ainda prevista uma paragem intermédia no aeroporto de Santa Maria na ilha do mesmo nome no arquipélago dos Açores, para onde agora seguia.
Avião novo, entregue no dia 1 de maio de 1961, à  KLM companhia de bandeira holandesa, nada fazia prever que o enorme DC-8-53 batizado como Fridtjof Nansen,  cientista, explorador polar,

Avião semelhante ao sinistrado
aventureiro e político norueguês galardoado com o Nobel da Paz em 1922, encontrasse o seu destino final numa noite tempestuosa, que inicialmente se admitia poder estar na origem do acidente devido à presumível ação de um raio sobre o avião, mas que as investigações posteriores vieram a afastar como origem do acidente.

As conclusões do relatório elaborado pelas autoridades portuguesas, através da então Direção Geral da Aeronáutica Civil, apontam em que o avião entrou na água com uma inclinação em torno dos 25 graus e a uma velocidade próxima dos 450 a 500 nós, qualquer coisa como 830 a 920 Kms/hora e de uma forma intata, o que desmente algumas das teorias de explosão no ar, cujo barulho testemunhas teriam ouvido, ou até explosão por motivo de bomba a bordo, como alguma comunicação social, nomeadamente jornais venezuelanos, admitiram.

O choque muito forte com a água provocou a destruição completa da aeronave e a impossibilidade  
Destroços recuperados
da recuperação da totalidade dos corpos dos ocupantes, intactos ou fragmentados. Somente o corpo de uma criança foi recuperado quase intacto. Dos restantes, somente pedaços e fragmentos que se calcula totalizarem 15 corpos.
Na ausência das chamadas caixas pretas, então ainda não disponível numa grande parte dos aviões, não foi possível determinar com rigor o que terá acontecido ao DC-8, especulando-se como uma das hipóteses, a existência de avaria no horizonte artificial que poderia ter bloqueado, conduzindo assim a tripulação à chamada desorientação espacial.

Na hora de azar que vitimou tripulantes e passageiros valeu a sorte a um cidadão americano com destino aos Açores, que por não ter comparecido a horas, no aeroporto acabou por se salvar de uma morte certa. William Third de 30 anos de idade, foi o felizardo.
 
   
 
Fontes: Diversos sítios da internet, jornais da época, relatório oficial da Direção Geral da Aviação Civil.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Rio Tejo - O princípio das tragédias entre portas


 

A primeira ocorreu no sábado, 9 de Janeiro de 1943, quando um Short  S-26,  da British Overseas Airways, com a matrícula  G-AFCK e a capacidade máxima de quinze passageiros, se despenhou no rio Tejo matando 13 passageiros e tripulantes.

Avião semelhante ao sinistrado
 
Parado há longos dias no Tejo, no aeroporto de Cabo Ruivo, devido a uma avaria num dos seus motores, foi este substituído por um novo vindo de Inglaterra, após o que se seguiria o normal voo de experiência.
 
 Sem se saber o porquê, foram aceites para entrarem no avião, como lastro necessário, diversos habitantes da zona e funcionários do aeroporto, que desde o dia anterior se concentraram em Cabo Ruivo, para poderem ter o privilégio, então ainda mais raro, de voar.

É assim, que pelas 9h55m da manhã, o pesado hidroavião iniciou a descolagem da base de Cabo Ruivo até à barra do Tejo.

 As comunicações via rádio, com a torre, relataram que tudo se encontrava normal, até que, pouco depois da última comunicação,  pelas 10h25m, numa altura em que o aparelho voava a cerca de 100 metros de altura, entre o Terreiro do Paço e Xabregas, começaram a sair labaredas de um dos motores do lado direito.

 
In Diário de Lisboa
Segundo as testemunhas, o piloto apercebendo-se da tragédia eminente terá tentado amarar, sucedendo que quando se encontrava a poucos metros da água, o aparelho afocinhou e entrou pelo Tejo dentro, levantando grandes colunas de água.

 De nada serviram os esforços das diversas embarcações que acorreram ao local, deparando com destroços e corpos inanimados.

 Somente duas pessoas sobreviveram dos quinze, que se encontravam a bordo, sendo uma delas tripulante e a outra um passageiro.

 À imprensa da época, relatou o passageiro sobrevivente “quando o avião voava sobre o Beato, ouviu-se formidável explosão.  Ele e a sua mulher foram imediatamente projetados na água. Nadaram ambos até que ele perdeu os sentidos e só voltou a dar conta de si quando o tiraram duma embarcação para o conduzirem ao hospital”.
 
Decorrente da normal dificuldade de retirar os destroços do rio, somente muitos dias depois foi possível içar as partes possíveis do avião, com o auxílio de gruas e de mergulhadores.     Rezam os jornais da época, que na origem do acidente, poderá ter estado uma fuga de gasolina.